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ENCARNADO

by Juçara Marçal

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1.
VELHO AMARELO Não diga que estamos morrendo Hoje não Pois tenho essa chaga comendo a razão Um velho amarelo Com três guerras no peito Mirando o parabelo diz assim: Vai Menina dos meus olhos Penetre entre os olhos Não há piedade É só o fim Vai! Quero morrer num dia breve Quero morrer num dia azul Quero morrer na América do Sul
2.
Damião 02:06
DAMIÃO Dá neles, Damião! Dá sem dó nem piedade E agradece a bondade e o cuidado De quem te matou Dá neles, Damião! E devolve o hematoma. Bate mesmo, até o coma Que essa raiva, passa nunca, não Sangue e suor pelo vão. Sentir mais a dor, vingar Ver respingar o pavor Quem bateu, levar Dá neles, Damião! Mesmo que peçam clemência Faz que é tua essa demência Faz pesar a consciência do plantão Dá neles, Damião! Mira no meio da cara Dá com pé, com pau, com vara Bate até virar a cara da nação Sangue e suor pelo vão Sentir mais a dor, vingar Ver respingar o pavor Quem bateu, levar Dá neles, Damião! Bate até cansar e quando cansar Me chama (a Damião Ximenes Lopes)
3.
QUEIMANDO A LÍNGUA É reto e sem risco Pegando a língua/queimando a língua De fogo, sem grilo De qualquer jeito De quase isso De quase nada É séria é bruta Dissimulada De nada serve Sem ombro amigo Com febre e confusa E um precipício E quase tudo E quase fujo Desvio teu riso E me antecipo Sem rosto, sem vício Eu não existo Não enxergo o final, interrompo o tempo aqui Em você Eu guio seus dedos me inclino pro sim Em sinal, nem que eu queira compreender Esse amor Um tiro sem norte Fugindo a regra Dispara sem corte O nome dela E quase acerto Seu endereço Descubro, derramo Um nome nela Sua boca, seu dente E o encarnado Que corta e desmente Meu samba armado Que quase inventa Uma novela Pra ter seu instante Ao lado dela Sem rosto, sem vício Eu não existo Não enxergo o final, interrompo o tempo aqui Em você Eu guio seus dedos me inclino pro sim Nem sinal, nem que eu queira compreender Esse amor
4.
PENA MAIS QUE PERFEITA Essa pena é mais que perfeita Ela é estreitamente lenta
 E na pele moura ela ferve escorando a alma
 Essa pena é mais que perfeita Ela risca em um negativo
 E na pele moura ela ferve em foco invertido E vou… Eu vou assistir o filme Por quantos dias espelhado
em minhas retinas? Essa pena é mais que perfeita
 Ela traça todas as lembranças
 E na pele moura ela ferve numa contradança
5.
Odoya 02:49
ODOYA Odoyá Yia omo ejá (mãe cujos filhos são peixes) Ai, mãe Agô, Yabá (abênção, mãe rainha) Bença, mãe
6.
CIRANDA DO ABORTO Passa na carne a navalha Se banha de sangue Sorri ao chorar Cobre o amor na mortalha Pra ele não acordar Sente no fel deste beijo O agouro da morte A se revelar A vida sem endereço E sem lugar pra ficar Vem despedaçado Vem, meu bem querer Vem aqui pra fora Vem me conhecer A ferida se abriu Nunca mais estancou Pra vc se espalhar Laceado Mas o chão te engoliu Toda a lida findou Pra vc descansar no meu braço No meu braço Aos pedaços
7.
CANÇÃO PRA NINAR OXUM Chora não, Oxum De que chorar? Sonha viu, Oxum Sem lágrima Hoje eu não vou deixar Ninguém sofrer Não quero ver a minha Oxum chorar Colho os prantos sem deixar nenhum Pra lhe acordar
8.
E o quico? 02:42
E O QUICO? Eu andava certa noite dia 13, sexta
 Triste sozinho desnorteado perdido cabreiro besta Resolvi sair por aí chutando pedras
 Contando estrelas, cometas
 Por dentro mil pensamentos
 Perguntas do tipo:
 Que vida é esta? Que vida é esta? Que vida é esta? Que vida é esta? Uma voz dentro da noite
 Respondeu-me como assombração
 Isso é tudo que te resta Isso é tudo que te resta Isso é tudo que te resta Isso é tudo que te resta, ô meu Eu disse: até amanhã
 Tenho muitos compromissos
 De madrugada vou pra França vou pra Nice Fazer um curso de dança A voz decretou-me: Você vai mas você volta Você vai zuuum mas você volta Você vai mas você volta Você vai mas você volta Você vai dançar, mas você volta qui 
 Um disco voador De mim se aproximou
 De dentro dele uma voz
 Aconselhou-me:
 Sabe o que você faz?
 Pergunta pra essa outra voz
 Que parece assombração, o seguinte: E o quico?
 E o quico? E o quico? E o quico? E o quico e o quico e o quico e o quico? E o quico? E o quico? E o quico tenho com isso, meu? E o quico tenho com is-so?
9.
NÃO TENHA ÓDIO NO VERÃO Não tenha ódio no verão Você vai acabar Comendo brasa no tição Assando o rabo no fogão Isso arrebenta uma nação O ódio pega como planta que se rega Mas no peito que navega A pessoa fica cega Cabeça oca Sai de pau no bate boca Rasga a roupa Grita e berra como louca
10.
A VELHA CAPA PRETA E a morte anda no mundo
 Vestindo mortalha escura
 E procurando a criatura Que espera condenação Quando ela encontra um cristão
 Sem vontade de morrer
 E ele implora pra viver
 Mas ela ordena que não Quando o corpo cai no chão
 Se abre a terra e lhe come
 Como uma boca com fome
 Mordendo a massa de um pão E a morte anda no mundo
 Espalhando ansiedade, Angústia, medo, saudade
 Sem propaganda ou esparro Sua goela tem pigarro
 Sua voz é muito rouca
 Sua simpatia é pouca
 E o seu semblante é bizarro E a vida é como um cigarro
 Que o tempo amassa e machuca
 E a morte fuma a bituca E apaga a brasa no barro E a morte anda no mundo Na forma de um esqueleto
 Montando um cavalo preto
 Pulando cerca e cancela Bota a cara na janela
 Entra sem ter permissão
 Fazendo a subtração Dos nomes da lista dela Com a risada amarela
 É uma atriz enxerida Com presença garantida
 No fim de toda novela Disse a morte para a foice:
 Passei a vida matando
 Mas já estou me abusando desse emprego de matar
 Porque eu já pude notar que em todo lugar que eu vou
 O povo já se matou antes mesmo de eu chegar
 Quero me aposentar pra ganhar tranquilidade
 Deixando a humanidade matando no meu lugar
11.
PRESENTE DE CASAMENTO Perguntado Sobre o que aconteceu O velho respondeu O velho ali sou Eu que falo Aquela é minha voz Que fala sobre nós A voz ali é Nós dois deitados No meio do incêndio Queimando em silêncio O fogo ali é O meu presente Do nosso casamento Que já morreu por dentro Bem antes de você ter me...
12.
JOÃO CARRANCA Guaraci vadiava e só fazia isso Foi sempre a rainha da boca do lixo Mas o tempo passou e ela envelheceu Usou e gastou o corpo que deus lhe deu Nunca teve cafetão Nem leão de chácara Apenas uma navalha Banca e sustenta o meninão Que ainda cheira a leite E nem tem pelo na cara Mas tudo desandou depois do dia Em que ele resolveu causar suspiro nas mocinha E a velha enciumada Retalhou o rosto do rapaz E o que era belo Agora espanta E nome dele hoje é João Carranca

about

Recorded in November 2013 at Estúdio El Rocha, by Fernando Sanches.
Mixing and mastering: Fernando Sanches
Production: Juçara Marçal, Kiko Dinucci and Rodrigo Campos
Drawing: Kiko Dinucci
Graphic design: Rubens Amatto
Photo: José de Holanda

credits

released February 14, 2014

JUÇARA MARÇAL - voice
KIKO DINUCCI - guitar
RODRIGO CAMPOS - guitar / cavaquinho
THOMAS ROHRER - rabeca

feat. Thiago França - track 2

license

all rights reserved

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about

Juçara Marçal São Paulo, Brazil

Juçara Marçal is a brazilian singer and a member of the group Metá Metá. Her fist solo album ENCARNADO was released in 2014 and It was considered the best album of 2014 by APCA (Paulista Association of Art Critics). The partners of this project are Kiko Dinucci, Rodrigo Campos and Thomas Rohrer. Released in 2021 her second solo album, DELTA ESTÁCIO BLUES. ... more

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